O Parnasianismo

 

Por: Sibele Ligório

 

O Parnasianismo foi grupo de poetas do século XIX, liderados por Leconte de Lisle, que defendia a arte pela a arte, o exotismo e a poesia elaborada com minuciosidade.

O movimento parnasiano foi uma oposição ao romantismo. Seu nome vem de O parnaso contemporâneo, uma antologia publicada em fascículos no início do século XIX. (Parnaso, montanha da Grécia, de 2.457 m de altitude. Na mitologia grega, ela estava consagrada ao deus Apolo. Acreditava-se que este era o lugar predileto das musas e lugar de adoração dos deuses Pan e Dioniso).

O parnasianismo durou aproximadamente meio século. Ao contrário dos românticos e simbolistas, os poetas parnasianos pregavam a objetividade, a contenção e a impessoalidade.

Preocupavam-se excessivamente com a adequação das palavras, com o ritmo de cada verso, com a racionalização dos poemas. Rejeitavam expor as próprias emoções e acreditavam mais no trabalho intelectual do que na inspiração.

Ideologicamente, o movimento se apoiou na filosofia positivista (sistema de filosofia baseado na experiência e conhecimento empírico dos fenômenos naturais) e, freqüentemente, seus representantes manifestavam descrédito e pessimismo diante dos homens e do mundo. Na Europa, seus principais nomes foram Théophile Gautier — um dos pioneiros do movimento, defensor da idéia que a arte existe por si e para si — José María Heredia e, na primeira fase de sua produção literária, Mallarmé e Verlaine.

 

O Parnasianismo no Brasil

 

O movimento parnasiano brasileiro foi muito importante e teve influência sobre movimentos literários posteriores. Muitos nomes consagrados da literatura brasileira pertenceram à escola parnasiana. Nas duas últimas décadas do século XIX, quando o romantismo se esgotou, surgiu uma geração de poetas que optou pelo realismo e cientificismo, caminhos que desaguaram no parnasianismo. O primeiro parnasiano brasileiro foi Luís Guimarães Júnior, que publicou, em 1880, Sonetos e rimas. Raimundo Correia, Olavo Bilac e Alberto de Oliveira fixaram movimento e foram os nomes que mais se destacaram.


Apesar de muito influenciado pelo parnasianismo francês, o movimento, no Brasil, encontrou caminho próprio ao desprezar as regras de objetividade, rigor científico e o realismo. Igual aos franceses, os brasileiros desprezavam o sentimentalismo romântico, mas, ao contrário deles, não rejeitaram o subjetivismo. No Brasil, os versos parnasianos adotaram o soneto alexandrino.

Verso Alexandrino são versos de 12 sílabas, raramente de 13, muito difundido na Idade Média e cuja denominação, provavelmente, procede do Romance de Alexandre, de Lambert le Tort, Alexandre de Bernay e Pierre de Saint-Clouds. Atualmente, existem dois tipos de versos alexandrinos: o francês (12 sílabas) e o espanhol (13 sílabas), este raramente utilizado pela língua portuguesa. O verso alexandrino francês se subdivide em dois tipos: o clássico e o romântico.

O prestígio que os parnasianos alcançaram foi tão grande que, no final do século XIX, este ainda era o movimento oficial da literatura brasileira. Quando a Academia Brasileira de Letras foi fundada, em 1896, os poetas simbolistas, que começavam a se projetar, foram excluídos de sua composição em favor dos parnasianos, ainda considerados o que havia de mais perfeito na manifestação do pensamento brasileiro.

Somente em 1922, na Semana de Arte Moderna, alguém ousou desafiar a força do parnasianismo. Na segunda noite da semana, no Teatro Municipal de São Paulo, Ronald de Carvalho declamou o poema Os sapos, de Manuel Bandeira, ridiculizando o movimento que ainda dominava a vida literária do Brasil.


Outros importantes nomes brasileiros se destacaram no parnasianismo, entre eles, Machado de Assis, Artur Azevedo, Bernardo da Costa Lopes, Guimarães Passos e Vicente de Carvalho.

 

 

 

Sibele Ligório é contabilista, técnica em informática e acadêmica de Filosofia pela PUC - Campinas. É criadora do site Vida em Poesia.

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