O Neoclassicismo

 

 

O Neoclassicismo, também conhecido como Arcadismo, foi contrário ao excesso de traços do Barroco, era caracterizado pela busca de restauração dos ideais de sobriedade e equilíbrio da antigüidade clássica.

Foi contemporâneo do Iluminismo, uma corrente de pensamento racionalista divulgada pela Europa no século XVIII e que atingiu o ápice com a Revolução Francesa. O nome "Arcádia" foi inspirado na região lendária da Grécia que representou o ideal de equilíbrio entre homem e natureza, por isso o Arcadismo tem como tema em destaque o bucolismo, onde a natureza é considerada como refúgio da verdade e da beleza.

No Brasil, os poetas que melhor representaram o movimento foram Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga; ambos participaram da Inconfidência Mineira, movimento político que visava a emancipação do Brasil em relação a Portugal. Os poetas Basílio da Gama, Alvarenga Peixoto e Silva Alvarenga também foram representativos no Arcadismo. Todos concentravam-se na cidade mineira de Vila Rica, centro da atividade mineradora e mais importante centro urbano do país nesse período. No Rio de Janeiro, nos anos entre os séculos XVIII e XIX, várias mudanças na política e econômia modificaram o país, também devido pela expansão dos órgãos de imprensa.

O século XVIII foi considerado o século do ouro, devido a intensa atividade de extração mineral que se desenvolveu na região de Minas Gerais e a prosperidade econômica permitiu uma melhor organização política, administrativa, também incentivando a cultura. A agilidade das informações favoreceu uma consciência comum, de âmbito nacional e na literatura, aos poucos o impulso de descrição da natureza e do nativo, perde espaço e pela primeira vez, foi possível perceber contato entre o escritor, a obra e o leitor.

O descontentamento com a exploração de Portugal, culminaram na Inconfidência Mineira, movida por um pequeno grupo de letrados, alguns ex-estudantes da Universidade de Coimbra, onde tiveram acesso com as novas idéias e doutrinas políticas.

No Brasil o Arcadismo iniciou com a publicação de Obras, de Cláudio Manuel da Costa, em 1768. Influenciado por teorias francesas e italianas, os adeptos do Arcadismo, buscavam a simplicidade da língua literária, ainda com vestígios dos excessos retóricos e por formas degeneradas do Barroco.

Procurando restabelecer o equilíbrio da produção poética, escritores do século XVIII empenharam-se na elaboração de manuais, para a recuperação de regras e padrões do Renascimento, ora consolidados com base em formulações clássicas, principalmente de pensadores como Horácio e Aristóteles. Entre os mais importantes destacam-se o francês Nicolas Boileau, autor da Arte Poética, e o espanhol Luzán, cuja obra central é Poética. Na língua portuguesa, os principais escritores do arcadismo foram Luís Antônio Verney, autor de Verdadeiro Método de Estudar e Francisco José Freire, autor de Arte Poética.

Dos escritos desses autores, surgiram duas idéias que contribuíram para esclarecer parte da produção poética do século XVIII. A primeira foi a idéia de que o poeta não era alguém em busca de meios para expressar sua subjetividade, e sim um artífice valorizado pela capacidade de pôr seu conhecimento técnico a serviço de uma causa externa. A segunda, foi a noção de utilidade da poesia, ou seja, considerando que ela engrandece à medida que louva, descreve e propaga a verdade.

 

 

 

Sibele Ligório é contabilista, técnica em informática e acadêmica de Filosofia pela PUC - Campinas. É criadora do site Vida em Poesia.